quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Para refletir.

Acabei de ler uma publicação num fórum que frequento. Um fórum de scooters. A publicação era sobre a velocidade que muitos motociclistas sentem necessidade de viver. Resumidamente apelava aos motociclistas para experimentarem as grandes velocidades em local próprio, designadamente nos autódromos existentes e, assim, não colocarem a sua vida em perigo e, muito menos, a vida dos outros. Não podia estar mais de acordo. Aliás, qualquer motociclista que se preze pensará da mesma forma, mas o problema reside no facto de entre o pensar e o agir vai uma grande diferença...

Entre os motociclistas existe uma frase que resume bem o que é andar em cima de duas rodas: há os que já caíram e aqueles que ainda vão cair. É mesmo isto. Andar em cima de duas rodas exige um conjunto de capacidades que não estão ao alcance de todos. Quem já não presenciou situações de meter as mãos à cabeça? tamanha a falta de responsabilidade, destreza ou perceção espacial? Por vezes observo cada coisa que até fico arrepiado.



Antes da pandemia, apareceu um relatório de sinistralidade rodoviária que referia um grande aumento motociclistas e de acidentes com motociclos, acompanhado pelo aumento de mortes em consequência desses mesmos acidentes. Um panorama assustador. Nada justifica a perda de uma vida humana. São números para refletir. 

Muitos destes novos motociclistas são o resultado direto da lei que permite aos possuidores de carta de condução automóvel poderem conduzir uma mota até 125cc. Na minha opinião, e vale o que vale, muitos destes novos utilizadores de veículos de duas rodas não possuem qualquer experiência no mundo das duas rodas e metem-se em aventuras. Eu percebo que a experiência não cai do céu mas grande parte destes utilizadores transportaram para as duas rodas a sua falta de civismo enquanto condutores de automóveis. Eu ando de enlatado e de scooter. Não sou mais do que os outros mas duma coisa eu tenho a certeza: não sou chico esperto. E observo muitas vezes situações completamente anormais, de pura irracionalidade que, de uma forma gratuita, colocam a vida dos intervenientes em risco. Eu percebo que a maioria dos novos utilizadores das 125cc o fizeram porque pensaram duas vezes no tempo e dinheiro que perdiam para conseguirem chegar ao trabalho quando se faziam transportar num enlatado. Essa foi, entre outras, a mais valia da lei. Ficar feliz por deparar com uma fila enorme de automóveis e podermos passar pelo lado esquerdo sem parar, não quer dizer que o façamos como se não houvesse amanhã, sem pensar que um simples desvio de um enlatado nos pode deixar entalado contra os rails de proteção ou andar a ziguezaguear pelo meio das filas... ou ainda a circularem pela direita, para lá da linha contínua, a velocidades que fazem corar o mais ingénuo dos motociclistas... 

Estes novos utilizadores esquecem-se dos tempos em que circulavam no seu enlatado, no maior conforto, a ouvir música, a pensarem para o que serviriam os piscas... muitas vezes agarrados ao telemóvel... e que, por uma razão aleatória, decidem mudar de direção... e lá vai o desgraçado do motociclista ao tapete.

É o pão nosso de cada dia.

A condução defensiva aprende-se. Quem não pode frequentar aulas de condução defensiva pode, pelo menos, ler sobre o assunto. Há muita coisa interessante.

Eu sou professor e tenho muitos alunos com a mania das motas e dos aceleranços. Coisas próprias da juventude com sangue na guelra... e quando me topam a chegar de scooter gostam de meter conversa... ai, e tal, isso não anda nada... não dá para sacar uns cavalos... Talvez por defeito profissional...lá fico eu a explicar que para além de termos as motas para satisfazerem as nossas necessidades, também devemos saber as suas características e aplicarmos sempre uma condução defensiva, aliás, superdefensiva. E dou sempre o mesmo exemplo: num cruzamento, quando vamos de automóvel e temos prioridade, entramos como se nada fosse pois se vierem contra nós é um monte de chapa que fica amolgada... já se formos num motociclo, por muita prioridade que possamos ter, se vier um automóvel contra nós é, pelo menos, uma perna que nunca mais fica igual.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Pode deixar aqui o seu comentário. Obrigado.

Fartinho de estar em casa.

 Hoje fui fazer umas compras pequenas. Fui de MP3. Adorei fazer aqueles quatro quilómetros. Fui a ouvir isto .